TIPOS DE DESINFORMAÇÃO ELEITORAL
na América Latina e no Caribe
CASO 1: As irregularidades no processo eleitoral não significa que haja fraude
Dentro de uma eleição que envolve milhões de pessoas, é comum evitar certos erros ou até mesmo irregularidades. O tipo de irregularidades que aparecem depende do sistema eleitoral de cada país -em muitos casos é uma contagem provisória de votos em um centro de votação que tem um erro-, mas o tipo de desinformação aparece em muitos processos eleitorais na região, como em Argentina, Perú ou Colombia, onde esses erros são apresentados como prova de suposta fraude organizada.
Normalmente, irregularidades involuntárias não favorecem sistematicamente nenhuma das partes, enquanto irregularidades intencionais tendem a enviesar os resultados a favor de algum grupo. No entanto, existem mecanismos para analisar a transparência de uma eleição e determinar se essas irregularidades são erros ou manipulações intencionais. Um erro durante as eleições não é prova de fraude.
Na Argentina, por exemplo, nas eleições presidenciais de 2019, circularam várias imagens de telegramas -que são usados para a contagem provisória na noite das eleições e não têm validade legal- com erros ou inconsistências, como riscas ou soma, como supostas provas de fraude. No entanto, o único resultado válido é aquele feito nos dias seguintes com as folhas de apuração, assinadas pelas autoridades das assembleias de voto e potenciais procuradores. Se forem detectados erros nestas, as urnas podem ser abertas para uma nova contagem.
Algo semelhante aconteceu nas eleições presidenciais de 2018 na Colômbia, onde circularam imagens de riscas em formulários de votação. No entanto, o órgão eleitoral investigou esses fatos e assegurou que as irregularidades representam menos de 0,5% dos votos.
Fonte: Chequeado
CASO 2: A suposta fraude organizada pelas autoridades
Esse tipo de desinformação, juntamente com denúncias de irregularidades durante o processo eleitoral, geralmente estão entre as mais divulgadas nas eleições e tentam provar fraudes organizadas por autoridades nacionais, locais e/ou eleitorais.
O caso do Brasil é especialmente grave porque o próprio presidente, Jair Bolsonaro, usou como parte de sua campanha a denúncia de que houve fraude eleitoral durante as eleições de 2018 (nas quais ele foi o vencedor), usando informações falsas. A alegação de que houve adulteração nas urnas eleitorais foi a desinformação mais difundida durante a campanha eleitoral daquele ano.
Outro exemplo disso foi o caso do México, onde muitos conteúdos nas redes sociais garantiram que as canetas fornecidas pelo órgão eleitoral poderiam ser apagadas com fogo.
Outra desinformação desse tipo que costuma circular está ligada às cédulas eleitorais (nos países que possuem esse sistema): por exemplo, que são distribuídas cédulas falsas, que as cédulas já foram marcadas por um candidato no dia da votação, que há cédulas de cores falsas nas urnas ou que pacotes eleitorais abertos são entregues com cédulas faltantes.
Fonte: Chequeado
CASO 3: A Estratégia sobre os votos dos Falecidos
Outra desinformação que circula em muitas eleições na região indica que pessoas falecidas estão incluídas no registro eleitoral ou que pessoas com outras carteiras de identidade de pessoas falecidas as usam para votar. No entanto, muitas vezes são erros no registro que são corrigidos pelas autoridades.
No Peru, durante as eleições deste ano, circulou um vídeo no qual foi exibido um ato eleitoral supostamente assinado por uma pessoa falecida. No entanto, foi um erro de digitação: o usuário digitou errado o último dígito da carteira de identidade, colocando 9 em vez de 4.
Por outro lado, na Costa Rica, foi anunciado que será possível votar com documentos vencidos nas eleições gerais de 2022 devido à pandemia. A desinformação garantiu que isso fez com que milhares de desaparecidos votassem. Mas isso também é falso, pois os cadernos eleitorais são atualizados até o próprio dia da eleição, para apagar os nomes dos que morrem antes dessa data.
Fonte: Chequeado
CASO 4: Desinformação sobre o voto de pessoas não qualificadas
Em época de eleições, circula muito conteúdo que visa atacar as minorias. Exemplo disso é a desinformação que assegura que os imigrantes vão votar nas eleições, em países onde não é permitido, ou sem cumprir as condições legais quando os estrangeiros podem votar.
Este tipo de conteúdo falso varia de acordo com as regulamentações de cada país. Por exemplo, na Colômbia, circularam vários conteúdos que garantiram que os venezuelanos possam votar nas eleições de 2019. No entanto, de acordo com a regulamentação do país, os imigrantes só podem votar se tiverem uma carteira de identidade estrangeira, estiverem no país há cinco anos ou mais , e registre-se para votar. Em outras palavras, é verdade que os venezuelanos podem votar nas eleições colombianas (como qualquer estrangeiro lá), mas apenas se cumprirem essas condições.
Algo similar ocurrió en Chile donde una desinformación afirmaba que los extranjeros que han llegado hace menos de un mes al país podría votar en el plebiscito para la Nueva Constitución, aun cuando en Chile solo pueden votar las personas extranjeras que residen en el país hace más de 5 anos.
Fonte: Chequeado
CASO 5: Manipulação para evitar votação ou invalidação de votos
Cada país tem regras diferentes sobre quando um voto deve ser anulado ou contestado (ou seja, não contado como válido) e muitas desinformações procuram enganar os cidadãos e levaram à anulação do voto ou à impossibilidade de pronunciá-lo.
Um exemplo disso é um conteúdo que circulou no México em que se garantiu que era possível votar em mais de um candidato, embora isso realmente contestasse a votação. Outro exemplo é um vídeo que circulou na Colômbia que afirmava que se as pessoas já haviam votado em um candidato no primeiro turno, não era necessário que o fizessem no segundo turno porque o voto já estava registrado.
Fonte: Chequeado
CASO 6: Desinformação sobre a documentação necessária para votar
Esse tipo de desinformação espalha notícias falsas sobre os tipos de documentação autorizados pelos órgãos eleitorais para votar.
Durante a pandemia, essa desinformação assumiu novas formas, pois muitos países permitiram votar com carteiras de identidade ou documentos vencidos devido às dificuldades que existiam em renová-las durante o período em que vigoraram as medidas de distanciamento social. No entanto, no plebiscito por uma nova Constituição de 2020 no Chile, circularam vários conteúdos falsos que garantiam que não era possível votar com um documento de identidade vencido.
Fonte: Chequeado
CASO 7: Desinformação sobre votos de cidadãos no exterior
Outro tipo de conteúdo que costuma circular em períodos eleitorais e cuja regulamentação difere entre os países é sobre o voto de cidadãos residentes no exterior. Por exemplo, uma desinformação que garantiu que a embaixada chilena no Canadá proibisse os cidadãos chilenos de votar no plebiscito.
No México, imagens do pacote de cédulas enviadas aos mexicanos no exterior para votar nas eleições se tornaram virais e foi acusado de faltar cédulas porque as dos deputados federais não estavam lá. No entanto, a legislação mexicana não permite que mexicanos residentes no exterior votem em todos os cargos públicos, mas isso depende do tipo de eleição e do Estado em que residem.
Nas eleições de 2020 na Bolívia, circularam várias imagens sobre supostos resultados da votação estrangeira usando o selo de diferentes organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: Chequeado
CASO 8: Caos no dia da eleição
Esse tipo de conteúdo falso busca desorientar ou gerar medo nos cidadãos sobre o horário das eleições, por exemplo, divulgando que você pode votar em dias ou horários que não estão realmente habilitados. Nas últimas eleições no Chile, a situação foi especialmente confusa porque, enquanto as eleições de outubro de 2020 foram realizadas em um único dia, as de maio de 2021 foram realizadas em dois.
Outros conteúdos deste estilo que circulavam no Chile asseguravam que os locais de votação não seriam vigiados ou que seriam inseguros. Por outro lado, no México circulou um conteúdo que assegurava que era proibido entrar nas caixas com telefones celulares.
Fonte: Chequeado
CASO 9: Pesquisas falsas
Na maioria dos países, a publicação de pesquisas eleitorais horas antes do dia das eleições e durante o dia das eleições é proibida ou especificamente regulamentada.
No entanto, é comum que circulem conteúdos falsos nesses dias específicos que imitam os formatos de pesquisas verdadeiras para anunciar resultados ou tendências para beneficiários de uma festa. Nas eleições de 2021 no México, no mesmo dia das eleições, circulou uma suposta pesquisa de boca de urna sobre os resultados da eleição para governador na cidade de Sinaloa, com o logotipo de um pesquisador oficial. No entanto, isso era falso: no México é proibido transmitir urnas enquanto as pessoas estão votando e o pesquisador nega a publicação do estudo.
Por outro lado, nas eleições de 2020 na Bolívia, circulou uma suposta pesquisa de boca de urna com o logotipo de um canal de televisão do país. De acordo com o Supremo Tribunal Eleitoral da Bolívia, os resultados das pesquisas de boca de urna só podem ser divulgados após as 18h, no horário de encerramento das eleições. No entanto, esses resultados foram publicados duas horas antes. Além disso, o meio de comunicação negou a autoridade da pesquisa.
Fonte: Chequeado
CASO 10: Declarações falsas de candidatos
Outro tipo de desinformação muito comum em época de eleições é o conteúdo falso sobre candidatos eleitorais.
Um recurso bastante utilizado é a edição e manipulação de fotos com programas de edição, e outro são as peças retiradas de contexto, que podem até ser de outros tempos ou de outros lugares.
Isso pode ser usado para mostrar supostos anúncios eleitorais que são falsos. O mesmo acontece com imagens falsas, como uma montagem que supostamente mostra um candidato presidencial equatoriano sendo vacinado em um momento em que apenas profissionais de saúde eram vacinados. No entanto, a foto foi adulterada.
Para declarações falsas, muitas vezes são utilizados videográficos de TV - as listras que aparecem nos canais de notícias com alguma frase - ou cartões que fazem uso do logotipo de algum meio de comunicação com a foto de um candidato e uma suposta frase. Esses tipos de recursos são amplamente utilizados para desinformação, pois são críveis, fáceis de editar e baratos.
Isso aconteceu com candidatos de vários países, como Argentina e Chile. O mesmo vale para tweets falsos, que também são facilmente editáveis.
Por outro lado, vídeos manipulados ou retirados de contexto também tendem a circular. Por exemplo, no Peru, um vídeo foi adulterado para fazer parecer que alguém estava ditando um discurso para um candidato presidencial.
Outro recurso utilizado é o áudio paródico ou falsamente atribuído aos candidatos.
Por exemplo, na Argentina circulou um áudio em que um líder de uma frente eleitoral supostamente ameaçava produtores agrícolas e isso não era verdade.
Fonte: Chequeado